Contos e histórias: Sapatilha de ponta

Olá, tudo bem com você?

Hoje vamos conhecer mais sobre os detalhes sobre o surgimento e evolução da sapatilha de ponta.

O Ballet é uma arte criada nas cortes da Europa, e no seu início a era dançado com sapatos com pequenos saltos.

Marie Camargo foi uma bailarina belga e responsável por muitas mudanças no ballet clássico. Ela ingressou na ópera de Paris em 1726 performando a obra Les Caractères de la danse.
Marie estabeleceu a posição da perna da bailarina a 90° a partir do quadril e mostrava excelência ao executar entrechats e cabriole, que antes eram passos executados somente por homens.
Ela, buscando mais liberdade de movimentos, também encurtou as saias que se eram usadas no ballet e criou o ballet slipper, removendo os saltos do sapato para que tivesse mais agilidade ao dançar. A partir disso, os saltos foram permanentemente abolidos das apresentações de ballet clássico.

Marie Camargo

Não se sabe ao certo qual bailarina foi a primeira a usar a sapatilha de ponta. Se especula sobre e a história aponta algumas possibilidades de sua origem.

Geneviève Gosselin foi uma bailarina francesa que estudou com Jean-François Coulon , que era um dos professores mais renomados da Europa no momento. Gosselin juntou a Ópera de Paris em 1806 com a idade de quinze anos.

Geneviève Gosselin

Em 1815 ela performa Flore et Zephire , um dos primeiros ballets românticos da época. O ballet foi coreografado por Charles Didelot , o principal coreógrafo do Ballet Russo imperial . Didelot havia criado uma “máquina voadora”, instituindo o uso de cabos e fios para dar a aparência de leveza. Por causa da sua invenção, Geneviève Gosselin poderia realizar passos nas pontas dos pés, porém foi capaz de permanecer apenas por alguns instantes na ponta.

Já Evdokia Istomina, foi uma célebre bailarina russa do séc XIX e também foi pupila de Charles Didelot, assim como Geneviève Gosselin. Estreou no Imperial Russian Ballet em 1815 e foi a primeira bailarina russa a usar sapatilhas de ponta, na mesma época que Gosselin.

Evdokia Istomina

Voltando à França, Fanny Bias foi uma bailarina que ingressou à Ópera de Paris em 1807, se tornando primeira solista. Em 1821, dançou nas pontas no mesmo papel do ballet “Flore et Zéphire” de Didelot.

Fanny Bias

Seguindo nosso caminho da história da sapatilha de ponta, a italiana Amalia Brugnoli, dançou pela primeira vez nas pontas em 1822 no ballet La Fée et le Chevalier (A fada e o cavaleiro). Segundo relatos, ela foi fortemente criticada por Marie Taglioni.

Amalia Brugnoli

Em 1832 por sua vez, Marie Taglioni estreia nos palcos usando sapatilhas de ponta com La Sylphide. Este ballet foi criado especialmente para ela por seu pai, Philippe Taglioni. Por mais que ela tenha dançado nas pontas somente em 1832, foi Marie que aperfeiçoou a dança e se tornou sinônimo de leveza, sendo muito aclamada pelo público. A sapatilha de ponta se torna então a diferenciação entre a dança feminina e masculina.

A escola italiana de ballet era mais atlética e por isso, podiam realizar saltos e giros virtuosos. Desde Taglioni, as sapatilhas passaram a ter biqueiras reforçadas e que foram sendo aperfeiçoadas a partir do modelo de Taglioni.

Pierina Legnani foi uma das primeiras a realizar trinta e dois fouettés na ponta e as russas, tentaram alcançar este nível técnico, mas sem os sapatos apropriados não obtiveram sucesso. Para atingir este objetivo, solicitaram que se fossem feitas sapatilhas mais resistentes. Desta forma, a sapatilha de ponta passa a ser produzida com papelão, estopa, cola, papel e couro.

Pierina Legnani

Esta inovação, por sua vez, não foi aceita de imediato pelo medo de que o ballet pudesse virar algo atlético e se resumir a acrobacias. Marius Petipa não foi favorável no início mas percebeu que as pontas poderiam ser de grande ajuda na trama, como em O Lago dos Cisnes, quando Odile realiza trinta e dois fouettés para hipnotizar Siegfried ou em A Bela Adormecida como Aurora realiza seus balances para mostrar aos seus pretendentes como ela era uma princesa elegante.

Finalmente, chegamos à Anna Pavlova. Ela, provavelmente, foi a primeira bailarina a colocar um reforço na sapatilha de ponta e com a caixa mais larga. Todavia, suas fotos eram retocadas para que seus pés parecessem leves e com o ideal romântico da época.

Anna Pavlova

Através dos anos, a sapatilha de ponta se tornou mais resistente e larga. Evoluiu de diversas maneiras, mas até hoje grande maioria dos modelos ainda são feitos da forma como era antigamente.

No final do século XX, materiais sintéticos foram inseridos na estrutura da sapatilha de ponta, bem como espumas, que contribuem para melhor performance.

Gostaram?

Beijos e até a próxima!

fonte: wikipedia – site gaynor minden

Quando iniciar e como escolher uma boa sapatilha de ponta

Olá, tudo bem?

Escolhi este tema para dar início ao blog depois de pensar muito no que poderia escrever aqui. Uma das coisas que mais escuto das minhas alunas que estão chegando na idade de usá-las é: “Prô, quando eu vou poder usar ponta?”. Ou dos meus alunos adultos que sempre têm dúvidas em como escolher uma boa sapatilha, que se adapte bem e que tenha uma boa performance.

Pois bem, vamos então falar um pouco sobre as temidas, adoradas e tão sonhadas sapatilhas de ponta?! (cuidado que lá vem textão)

Alguns registros históricos, apontam que a sapatilha de ponta começou a ser usada de fato por Marie Taglioni, bailarina italiana, que uso a sapatilha em apresentações completas. Existem relatos de uso anterior à ela, porém aparições breves. A sapatilha de ponta surge com a ideia de mostrar mais leveza e imagem mais alongada.

Marie Taglioni (1804-1884)

Quando começar o trabalho nas pontas?

Quando uma menina ingressa ao ballet, um dos maiores sonhos é usar a ponta e a ansiedade para que este dia chegue é enorme! Todavia, uma coisa que friso muito no ballet é: Paciência. Cada estágio que vivenciamos nos estudos do ballet clássico, deve ser vivido de maneira plena e consciente.

Como professora, recomendo o início do uso de sapatilha de ponta depois dos 12 anos e com estudo mínimo de três anos, a menos que a aluna tenha formação óssea estabelecida para tal, consciência motora e técnica clássica.

O profissional da dança deve ter uma responsabilidade muito grande nesse momento e analisar detalhadamente o perfil do aluno antes do início dos trabalhos nas pontas, alinhando a idade com a técnica pré-estabelecida. A criança, por estar em desenvolvimento ósseo corre riscos de lesões caso não seja trabalhada corretamente. Por isso friso muito na questão da responsabilidade do profissional.

A aluna possui os pré-requisitos para o início dos trabalhos?

A etapa seguinte é a escolha da sapatilha. Eu recomendo sempre o uso de sapatilhas macias. Meus últimos anos de aperfeiçoamento foram com a Royal Academy of Dance e neste método, usamos a sapatilha soft (ou pré-ponta). Não é uma sapatilha que você pode usar no centro e executar sequências na ponta, ela é extremamente macia e portanto é usada na preparação e fortalecimento dos pés e tornozelos para que posteriormente seja iniciado o uso das prontas efetivamente. Eu gosto muito deste modelo da Royal porquê se alinha perfeitamente com minha visão profissional sobre o assunto: A aluna deve vivenciar plenamente e com consciência cada etapa técnica em sua vivência com o ballet. Na Só Dança, por exemplo, podemos encontrar o modelo Prima (pré ponta), modelo Grisi (para estudantes) e a partner estudanteeeee, da Capezio:

Conforme a bailarina desenvolve suas habilidades, o professor será capaz de auxiliar na escolha da próxima sapatilha, com um pouco mais de dureza. Até que, por fim a bailarina atinja sua maturidade corporal e esteja apta à usar sapatilhas profissionais e de alta performance.

Início das pontas no ballet adulto, como proceder?

Quando um aluno começa o ballet na fase adulta, tudo pode parecer muito complicado, difícil e exaustivo. Mas nada é impossível e com o auxílio do professor, o aluno pode obter excelentes resultados.

Diferente de uma criança, o adulto já tem mais consciência corporal e a estrutura óssea e muscular já está completa. Nestes casos, podemos passar a parte da pré-ponta e dar início ao uso de pontas mais macias e de acordo com o formato do pé. Costumo iniciar o trabalho com as pontas em alunos adultos após dois anos de prática com o ballet clássico.

tipos de pés. Imagem: reprodução Google.

Pé Grego: Possui o segundo dedo maior que os demais. O melhor formato para este pé é o ligeiramente afilado, não pode ser muito estreito nem largo o box. Ele deve ter uma forma que se adapte aos dedos mas que alivie também a pressão do dedo médio, que é maior que o restante. Modelos de sapatilha para pé grego:

Pé egípcio: O dedão é maior que os demais dedos. Modelo ideal: Afilado , cônico. Este modelo exerce pressão no dedão do pé, assim distribuindo o peso para os menores. Modelos de sapatilha para pé egípcio:

Pé quadrado: Os dedos são do mesmo tamanho. Um box quadrado neste caso, auxilia a distribuição do peso entre todos os dedos. Modelos para pés quadrados:

Meu pé é egípcio e pra mim não há melhor sapatilha que a Gaynor. Funciona perfeitamente para o meu pé.

Qual é a sua sapatilha?

Beijos, Prô Mariana Prieto

Fontes: Site Só dança e Dance Spirit.